Memórias: Milt Jackson e os cabelos brancos…

O que sei dizer, meus amigos, é que eu estava ouvindo esse delicioso disco do Milt Jackson, Grady Tate, Ray Brown e Oscar Peterson, intitulado “Ain’t but a few of us left” (“Não somos apenas alguns de nós”). Então, não é que o maravilhoso disco foi me empurrando para um monte de lembranças?! Pois é. À medida que o disco ia passando e as melodias eram executadas com extraordinária maestria pelo grupo, eu me deixava levar por reminiscências. Até que veio aos pensamentos o episódio do “azulão”. Calma aí que eu explico.

Lembro que eu havia almoçado na Restaurante Degrau, no Leblon. Ah, aquele ‘Tornedor a Nassin’ era de arrebentar… Portanto, para compensar o exagero, fui dar uma caminhada pelas ruas do bairro e observar as lojas de discos, boutiques e livrarias. Tem sempre novidade para se ver!

Quando cheguei em casa, não deu nem tempo para deitar na rede cearense, pois a buzina de um carro insistia em me chamar. Era a minha irmã e eu fiz sinal para ela subir. Ao entrar no apartamento, ela foi logo anunciando:

– Você conhece esse produto aqui, Chau?

– Não. Não tenho a menor ideia do que se trata…

– É lançamento! Vou aplicar no seu cabelo e você verá que os fios brancos ficarão brilhando e os pretos, mais ainda!

Não posso esconder que fiquei bastante desconfiado. Milagre assim, quem acreditaria?! Só mesmo eu, claro! No banheiro, deitado com a cabeça na pia, eu só pensava “e se isso não der certo?!”

Terminado o serviço, ela deu a sentença: ficou uma maravilha, Chau! Eu enxuguei o rosto e os poucos cabelos que orgulhosamente lutavam para não cair. Levantei o rosto e me olhei no espelho. Confesso que achei razoável… talvez, um pouco mais escuro que o original. Daí, sequei com o secador e novamente observei no espelho. “Caraca! Está muito escuro!”

Como eu teria que dar aulas no cursinho as cinco da tarde e já era perto das quatro, resolvi jogar um pouco de talco nos cabelos para disfarçar, sabe como é?

Entrei em sala e a turma vespertina estava lotada, com mais de cem alunos. O assunto do dia era espinhoso para os estudantes: isomeria ótica! Comecei as explicações bem compenetrado, pois o assunto não era fácil, reconheço. Foi quando ouvi, pela primeira vez, certo murmúrio vindo dos fundos da sala.

Não dei bola e continuei com a minha exposição. De novo, um riso em grupo surgia lá do fundo. Virei-me e perguntei se alguém tinha dúvidas? Nada. E aí retornei às explicações.
Porém, confesso, um frio na barriga tomou conta de mim. No exato momento que alguém gritou lá de trás: “azulão”!

Ainda que não tivesse certeza, dentro de mim, alguma coisa me levava a crer que era comigo, ou melhor, com os meus cabelos… Ah! Mas não me daria por vencido, apesar de ter ouvido mais de três vezes a trágica acusação: “azulão!”

Naquele momento de pânico, meus amigos, o melhor a fazer era fingir que não entendia os gracejos e rezar para a aula terminar. Ufa! Sorte a minha que o relógio conspirou a meu favor e eu saí dali feito foguete.

No salão de cabeleireiro, obviamente, eu só tinha um pedido: “pela amor de Deus, dê um jeito nisso”…

https://www.youtube.com/watch?v=bwQTksM3kWE

 

Memórias: a “velha roupa colorida” ficou desbotada!

Quando morava no Rio de Janeiro, durante os anos 70 e 80, eu frequentei muitas rodas de conversas, com variados grupos de amigos. Os temas iam da psicanálise ao teatro do oprimido (de Augusto Boal). Dos amantes da filmografia de Bergman aos torcedores da “raça rubro-negra”… Ah, foram bons tempos aqueles, meus amigos. Porquanto eram ricas e proveitosas conversas, que nos dias atuais parecem ter perdido a importância. É uma pena, pois, no fim das contas, corríamos apenas o risco de crescermos enquanto seres viventes.

Lembro também que por conta de algumas demandas internas, de ordem emocional, eu senti necessidade de buscar ajuda terapêutica, com vistas a uma melhor ordenação afetiva. Por isso, iniciei uma longa e dura caminhada para o meu interior, desvendando minhas emoções. E como era previsível, esse processo requisitou algumas desconstruções de valores já consolidados pelo tempo e pela prática vivencial. É bem verdade que a canção de Chico Buarque já havia me avisado:: “Se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios / Rompi com o mundo, queimei meus navios / Me diz pra onde é que inda posso ir…” E decerto ninguém sai ileso desse processo e tampouco cria imunidades…

O fato é que o tema já era reincidente: a repetição do modelo paterno. E mexer com isso é sempre algo delicado, difícil, penoso até. Afinal de contas, era a “velha roupa colorida” colocada à prova. Ou, pelo menos, colocada em ‘cheque’ por mim. Além disso, convenhamos, muitas vezes os nossos afetos são traídos por outros fatores, outras demandas. Isso porque, quem, em sã consciência, não quer se sentir parecido com o seu pai? Ainda mais se tal semelhança vai nos parecer uma extraordinária conquista pessoal?!

Mas aí, então, novamente outra canção vem martelar os pensamentos, dessa vez embalada pelo testemunho de Belchior: “Você não sente nem vê / Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo / Que uma nova mudança em breve vai acontecer / E o que há algum tempo era jovem novo / Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer!”

Pois é, minha gente. Oxalá o meu querido filho Gabriel evite a velha “armadilha” e contorne essa estrada de dor, quem sabe pactuando novas oportunidades para ele?! No fundo, o que me cabe é guardar a esperança que o Gabriel possa, enfim, cantar a terceira estrofe dessa melodia em voz alta: “No presente a mente, o corpo é diferente / E o passado é uma roupa que não nos serve mais…”

 

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Memórias: o melhor da vida é viver!

Em um domingo ensolarado como esse que anuncia o início da primavera, convenhamos, tinha tudo para ser de muita paz e harmonia. No entanto, no domingo que vem nós teremos uma acirrada eleição, onde os ânimos estão à flor da pele…

Não pretendo discutir aqui sobre política, se é esse ou aquele o candidato “ideal” para o nosso país e nosso estado. É o tal negócio: cada um que faça a melhor escolha, de acordo com seus critérios e suas convicções!

De fato, nesses tempos bicudos que enfrentamos, eu prefiro muito mais dedicar os meus pensamentos em questões mais amenas. Por isso, então, eu tirei a manhã de hoje para “navegar” na internet e garimpar preciosidades.

Então, que me perdoem os aficionados pela política mas, hoje, eu quero celebrar a grande capacidade que o homem tem de produzir pérolas. Daí, minha gente, eu separei quatro delas para presentear aos amigos e leitores do “blog”. São elas:

  • Fats Waller &  Ada  Brown, em  “That Aint’t Right – Stormy Weather”, de 1943, um raro presente para o nosso coração.

 

 

  • Billie Holiday & Louis Armstrong, em “Do you know what it means to miss, New Orleans”, de 1947, outra preciosidade que faz parte do filme musical, intitulado “New Orleans”.

 

 

  • E para não pairar nenhuma dúvida sobre minha “terríveis” intenções, eu apelo para o inebriante tango, dançado por Al Pacino e a encantadora Gabrielle Anwar no filme “Perfume de mulher”.

 

 

  • Para finalizar, apresento aos amigos mais um episódio da série “a vida sempre surpreende”, quando permitimos…  Em um Shopping Center, em Budapeste, um grupo húngaro de dança surpreende o público com uma exibição contagiante!

 

 

 

Memórias: os “indesejáveis” inquilinos!

Ah, esse “mundo mundo vasto mundo” insiste em não se ajuizar. Não demora muito e ele logo apronta alguma. Basta assistirmos aos inúmeros episódios de ataques e dominações pelo mundo afora e concluiremos que a raça humana parece não ter dado certo. Desafortunadamente, meus amigos! E como isso dói…

Podem os micos-leões-dourados celebrarem sua curta e inocente passagem por aqui, pois entrarão em extinção, queiram ou não. Podem as majestosas e indefesas baleias bufarem com agonia a sua prematura despedida do planeta, à medida que nunca foram verdadeiramente aceitas pelos homens, os algozes “donos” da Terra. Podem os refugiados de todos os cantos suplicarem pela fraterna acolhida, pois o mundo “civilizado” haverá de lhes virar as costas, movidos por indiferença e reconhecida soberba…

Ah, meu Senhor, quanta sandice! Quanto desperdício de vidas! Quanto tempo mais estaremos aqui testemunhando tais absurdos?!

E nem mesmo a poesia de Drummond é capaz de nos confortar:

…”Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.”

Memórias: a falta que ela nos faz!

Minha mãe, hoje você faria 91 anos de idade. Por certo, seria uma dessas belas “senhoras” que sabem envelhecer com sabedoria, amor e arte. Pudera! Arte nunca lhe faltou. E você deixou um legado maravilhoso, mãe, perpetuando em cada um de nós esse brilho nos olhos e a generosidade que parecia não ter fim…
Oxalá eu tenha adquirido um pouco dessa sua capacidade de ver o mundo com o coração. Isso seria sinal de que eu teria herdado o seu melhor tesouro.
Ainda que eu não tenha me conformado, por inteiro, dessa sua incompreensível partida, ainda assim, eu quero lhe agradecer pelo cuidado com que continua a nos dedicar, zelando por nós.
Ah, devo dizer: seu neto cresceu e está se tornando uma pessoa muito interessante, da qual você, sempre puxa-saco, deve estar se orgulhando. Ele, eu e a Zê sentimos muitas saudades de você. Nosso beijo e o nosso cheirinho…

Memórias: Dona Efigênia e o destino do nosso futebol.

É o tal negócio: uma coisa sempre depende de outra. Talvez, por isso, a primeira coisa a fazer era tirar o famigerado “par ou ímpar”, que eu nunca tinha a sorte de ganhar. Paciência, fazer o quê? Tem sempre gente sortuda nesse mundo, meus amigos, pois ganham tudo: rifas, sorteios nas quermesses e até acertam a quina com uma facilidade que me irrita… Como conseguem isso?!

Bem… Certo mesmo é que era muito importante ganhar o bendito par ou ímpar, já que assim podíamos escolher de cara o “Chiquinho”, o craque da rua e do nosso bairro. Desse modo, nós começávamos com meio caminho andado. Afinal, Chiquinho só faltava fazer chover naquela ladeira da Zamenhoff, no velho e bom Estácio. Já os meninos do outro time, irritados com o talento dele, procuravam derrubá-lo de uma forma ou de outra. Contudo, Chiquinho aguentava tudo calado, sem reclamar do jogo desleal. Respondia na bola, isso sim. Craque é craque!

Quanto a mim, confesso, eu era apenas um coadjuvante sofrível, mas que se esforçava para não comprometer. Só não gostava de ir para o gol, pelo sistema de rodízio, uma vez que eu não era muito “corajoso”. Aliás, devo reconhecer, encarar as “bombas” que vinham dos adversários não é para qualquer um…

No entanto, a minha “carreira de jogador” não durou muito. Porquanto havia na rua um tal de “Luisão-maluco” que me intimidava em cada partida. Céus, bastava eu dar um drible bem dado e já vinha a “cacetada” por trás. Nem precisava me virar para saber que era a praga do Luisão-maluco. Ele até anunciava em voz alta: “se tentar fazer gracinha aqui, meu chapa, vai levar porrada!” E o pior de tudo é que ele tinha meio metro a mais do que eu, além dos quinze quilos a mais de músculos. Aí, já viram, né?!
Foi quando eu resolvi que o melhor a fazer era jogar “golzinho” com bola de meia. Era algo que exigia habilidade, concentração e não envolvia time algum, uma vez que era um esporte individual. Apenas um de cada lado da rua. E não é que eu me especializei no jogo e me tornei bom jogador?!

O diabo era quando eu estava do outro lado da rua e tinha que arremessar para o lado do prédio. De vez em quando, a gente errava a mira e acertava a vidraça do segundo andar. Aí, era um salve-se quem puder! Eu corria o mais rápido que podia para não ser pego pela D. Efigênia… Isso porque, além do “esculacho” pelo prejuízo da vidraça e o castigo que levaríamos, o mais doloroso era ter que frequentar as aulas de violino que a D. Efigênia impunha. Isto porque, após várias vidraças quebradas, foi a forma que ela encontrou para que demonstrássemos o “arrependimento” pelo delito cometido. Ou seja: tínhamos que assistir as aulas de violino durante mais de um mês. E convenhamos, minha gente, naquela época não havia o STF para nos libertar!

 

Memórias: Ênio e o mundo cá fora.

Bem sei que os valores sofrem bruscas transformações. Muitas vezes, eles ficam por conta de certos modismos. Paciência. Outras vezes, no entanto, o que dita o ritmo é apenas o senso de oportunidade. Mas, calma, aí, minha gente… Eu explico.

Ênio era um rapaz especial, dotado de rara inteligência e senso de observação. Em nossas brincadeiras juvenis, lá pelos idos de 1965, Ênio sempre tinha uma solução inusitada, invariavelmente incomum. E algumas vezes, é verdade, isso causava irritação na gente, pois morríamos de inveja de sua criatividade.

Aliás, nesse particular, se pensarmos bem, veremos que o mundo continua o mesmo. Ou seja: alguns poucos “criam” e a grande maioria da galera apenas “copia”. É duro isso, minha gente. Injusto, até. Mas, fazer o quê? A mediocridade sempre será maioria em qualquer peleja que se tenha pela frente…

Lembro bem que um dia nós estávamos querendo abrir um “clubinho” no saguão de entrada do nosso prédio e não conseguíamos adesão suficiente dos proprietários dos apartamentos do edifício. Fazíamos o nosso “piquete” junto aos moradores, no “hall” que dava acesso aos elevadores, mas os resultados eram pífios…

Até que o Ênio chegou e, ao ver o nosso desespero, argumentou: não são os pais que vão definir os rumos da votação, pessoal. São os filhos, nossos colegas! Foi quando ele se sentou na cisterna da garagem e começou a fazer desenhos em várias folhas. Quando terminou, ele pediu que afixássemos as folhas no elevador, no “hall” de entrada, na lixeira e em todos os lugares de grande circulação. Eram desenhos de crianças brincando. Crianças nitidamente com semblantes felizes. Moral da história: no dia marcado para a votação, houve alto comparecimento dos pais e fortíssima adesão à nossa reivindicação…  Ganhamos de lavada, com 78% dos votos favoráveis. Agora, meus amigos, nós tínhamos um espaço só nosso: com mesa de totó, pingue-pongue e futebol de botão. Ênio se tornara o nosso herói!

O mundo, então, girou mais um bocado. E o tempo passou mais ligeiro que os nossos sonhos. Começamos a trilhar outros caminhos mais difíceis e complicados. Para mim, havia ainda um problema a enfrentar: a súbita ausência de Ênio, que resolver nos deixar. Com isso, a minha capacidade de ponderar junto ao mundo sofreu um forte abalo, pois não havia mais os maravilhosos e sensatos “argumentos” de Ênio a me posicionar com maior acerto… Pois é. A gente precisa aprender a crescer, de um jeito ou de outro. E foi Guimarães Rosa que nos disse: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem…”

( Canelau, aos 11 anos de idade)

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Memórias: as armadilhas da vida!

Eu devo dizer que tenho pensado bastante nesse tema nos últimos tempos. É que, vira e mexe, a gente se depara com situações conflitantes ou delicadas. E se pensarmos bem, meus amigos, podemos perceber que nenhum de nós está livre de tais comportamentos.

Sim! Chega a impressionar o número de vezes que plantamos “minas” pela estrada que trilhamos. Sem nos darmos conta de que haveremos de percorrer aquele mesmo caminho pouco tempo depois. Ou seja: somos potencialmente vítimas de nossas próprias “armadilhas”. Pois é…  paciência! Fazer o quê?!

No entanto, ainda que esse processo seja impiedoso, uma vez que é “autoimune”, devemos reconhecer o “talento” que o homem tem em promover boicotes à sua ascensão e ao seu progresso afetivo ou material. Convenhamos: para muitos de nós, essa tendência parece não ter fim. Porquanto reiteradas vezes praticamos gestos e ações autodestrutivas e nem mesmo a lembrança da última ação repetida é capaz de nos dar a devida “percepção”.

É fácil constatar tais tendências em um número significativo de amigos ou colegas. E, com poucas variações nos processos, o observador atento pode até mesmo “antever” os passos desastrosos que efetuamos sem a devida percepção do momento vivido. Ah, minha gente… Isso dói. Dói muito! E o pior de tudo é que, ironicamente, iremos repetir exaustivamente as equivocadas posturas… Como se fosse irrefreável o desejo de chafurdar na lama!

O que eu posso dizer é que comigo não foi diferente. Como tantas outras criaturas, eu também plantei em mim inúmeras “minas”, sem me dar conta de que elas explodiriam a qualquer momento. Como, de fato, assim ocorreu! Por isso, sofri bastante. Sangrei pra valer. Até que um dia eu aceitei que precisava de ajuda. Céus… Talvez fosse o primeiro sinal de minha possível recuperação. Afinal, em algum lugar dentro de mim havia a crença de que eu podia me “restituir” e valia a pena o “risco”…

Foram necessários sete anos de ajuda terapêutica em busca das minhas extraviadas “verdades”. É uma etapa difícil, sem dúvida, pois além de tudo nós nos deparamos com os hábitos e vícios adquiridos no percurso. Até que se possa tornar-se livre das resistências ao tratamento, muita água há de passar por debaixo dessa ponte. Ou melhor, dessa vida!

Contudo, por certo, não é preciso considerar o processo terapêutico como o “outro lado do arco-íris”. Mas a verdade é que ele possibilita a gente enxergar o mundo real de modo mais confortável às nossas emoções. Com sorte, haveremos de reconhecer as “minas” que estão ao nosso redor e, com isso, aumentar a chance de não repetir os mesmos enganos de outrora…

O resto, creio, fica por conta do destino de cada um. Posso, ao menos, desejar muita sorte, determinação e um universo de possibilidades novas aos amigos que permitirem essa chance…

Que tenhamos dias melhores!

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CD: o suingue arrebatador de “Mighty Sam McClain”.

Henilton Menezes é meu primo, lá do querido e velho Ceará. É gente muita boa ou como dizem por aquelas bandas: um tremendo “cabra da peste”. Desses que se não fossem parentes, nós adotaríamos de qualquer jeito. Lembro-me de que não o conhecia pessoalmente quando recebi uma ligação dele, no Rio de Janeiro. Estava hospedado no antigo Hotel Nacional, palco dos Festivais de Jazz, onde nossa presença era garantida. Dali, então, ele me convidou para um chope, com direito a um gostoso papo sobre o jazz. Pois não é que ele me escreve agora, declarando-se meu leitor. Bem… não foi só por isso, é verdade… De fato, ele escreveu para me “esculhambar”. Com seu inconfundível senso de humor cearense, disse: “Pô, vê se escreve sobre gente nova, seu baitola! Não existe só essa velharia, feito você, no nosso jazz!”

Esquecendo os demais palavrões que disse, que cearense é bicho desbocado mesmo, eu sou obrigado a concordar com ele. Portanto, desculpe-me, Henilton, não foi por querer. Aliás, cá entre nós: estou tão velho assim, com 67 anos? É verdade que as moças nas ruas há tempos me chamam de “tio”. Paciência!

Muito bem, primo. Então, está aí o que você pediu. Só falta você não conhecer o “Mighty Sam McClain”, um negão com uma voz e um suingue de fazer sorrir a galera do velório! “Give it up to love” é o título do disco, gravado em 20 bits, que garante uma qualidade impecável. Agora, se você ouvir “Got to have your love” e não se emocionar, primo, é sinal que o velório acima deveria ser o seu! E já que estamos quites, aproveite e mande queijo de coalho, rapadura e muita tapioca…