Dizer que foi um ano complicado, cá entre nós, talvez seja exagero. Na verdade, devemos reconhecer: esse ano nem existiu, meus amigos! Ao menos, sob o ponto de vista da ‘normalidade’ da vida. Até porque, é bom que se diga, ficou faltando muita coisa em 2020. Faltou, por exemplo, o velho Maracanã lotado com torcedores. Faltaram as viagens de fins de semana com os amigos. Faltaram os abraços e comemorações e por aí afora…
Em contrapartida, é verdade, sobraram dias e noites nos desconfortáveis sofás assistindo aos filmes. Um atrás do outro, feito maratona. No entanto, para ser justo, eu até fui surpreendido com belíssimas histórias, narradas com talento e beleza. Sim! Sorte a nossa que os ‘contadores de histórias’ estão por aí, espalhados pelos quatro cantos desse alvoroçado mundo de pandemia.
Também é verdade que há muita gente reclamando de 2020 sem ter o devido ‘crédito’. Porquanto, no fundo, são pessoas que passam a vida reclamando dos outros e nada fazem para ‘contribuir’ com a humanidade! Contudo, convenhamos, houve quem arregaçasse as mangas e dedicassem preciosos momentos de suas vidas tentando tornar a vida dos outros mais ‘confortável’. Lá, isso sim! São os verdadeiros ‘anjos’, capazes de aliviarem períodos conturbados como esse que atravessamos. Pode-se dizer que eles foram ‘onipresentes’, uma vez que pudemos observar o esforço empreendido em busca de salvaguardas. De todas as ordens!
Certo mesmo é que a ‘pulsação’ do mundo foi alterada pela COVID. E muitas voltas tivemos que dar para segurarmos a barra da vida. Algo muito difícil para muitas famílias, cuja dor bateu mais fundo. Seja pela perda de algum ente querido, seja pela perda do emprego, extraviado no mar da crise. E para piorar as coisas, ainda tivemos a ‘interdição’ dos abraços. Ah, meus amigos, só agora é que a gente se deu conta da falta que eles nos fazem, não é verdade?
Além de tudo isso, que não é pouco, nós ainda teremos que contabilizar outras perdas. Desafortunadamente. Afinal, são perdas bem mais difíceis de serem percebidas por nós. Perdas que surgiram no ‘distanciamento social’, não apenas aquele imposto pelas autoridades sanitárias. Não! Lamentavelmente, os que me refiro foram originados por nós mesmos, quando deixamos de desejar ‘bom dia’ aos filhos e esposas. Quando não mais cumprimentamos o porteiro do prédio. Ou quando reclamamos daquela fila ‘exclusiva’ para os idosos nos bancos. Pois é. Esse comportamento, creio, é até mais contagioso, mais devastador. Até porque, não há imunidade que estanque essa hemorragia.
Então, o que nos resta a fazer é apelar para ‘São Longuinho’ e pedir de volta a velha e costumeira amizade sincera. Quem sabe, assim, nós possamos recuperar parte da autoestima amassada pela pandemia. E ‘recuperados’, talvez sejamos mais generosos com toda vizinhança, com os parentes distantes, enfim, com vistas ao Ano Novo que se aproxima…
Por conta disso, eu quero desejar o melhor Natal possível para os amigos leitores!
