Memórias: vida e arte de mãos dadas!

Eu acabara de acordar da soneca vespertina, quando ouvi a pergunta de minha esposa:

– Carlos, não quer assistir ao novo filme do Selton Mello?

Eu disse que sim e fui escovar os dentes e passar uma água no rosto amarrotado. Como fazia um friozinho incômodo, antes passei no escritório e peguei uma manta para nos aquecer no sofá.

O filme nem bem começara e logo nas primeiras cenas eu identifiquei que aquele seria um “belo filme”. Pois é, meus amigos: com o tempo a gente aprende a identificar um filme interessante, peculiar. Seja pelo cuidado com a fotografia ou com o impecável texto ou até com as cenas que acontecem sem pressa alguma de contar a história. Sim, tudo aquilo já apontava para um grande filme.

Ao fundo, os personagens iam se apresentando e conduzindo os seus papéis com suavidade e frescor. Ao mesmo tempo, o cantor se esforçava em declarar: “Se você pensa que o meu coração é de papel / Não vá pensado pois não é. / Ele é igualzinho ao seu / E sofre como eu / Porque fazer chorar assim a quem lhe ama?”

“Acho que o tempo não existe… E as pessoas envelhecem quando precisam envelhecer!”, dizia a jovem amiga, talvez sem compreender a extensão desse drama.

O personagem principal, já envolto em suas incontáveis dúvidas, tentava extrair da mãe algum sentido, alguma resposta. “Onde é que ele está, mãe? Por que ele foi embora? Ele tem saudades da gente?”

Contudo, as respostas não vinham. E ele teria que reter as perguntas no coração.

Na parede do quarto, um antigo relógio insistia em permanecer contando um tempo que não fazia mais sentido. “Meu querido pai, essa é uma carta de despedida. Talvez, nunca chegue em suas mãos… Nenhuma ausência é tão cara como a tua. Nas costas da memória, seguirei virando as suas lembranças… E ali, no meu sonho, talvez esteja você. Ali, talvez esteja o meu sonho roubado. Por que foi embora? Por que sem explicações?”

“O tempo passado embaralha o meu tempo presente!”, dizia o jovem rapaz. E logo a seguir, ele mesmo sentenciava: “Eu preciso encontrar o meu tempo futuro…”

Então, é isso, meus amigos… Não posso contar mais nada, pois retiraria dos leitores o prazer de assistir ao filme. E, convenhamos: ele vale a pena ser assistido!

Confesso a vocês que muitos diálogos do filme me bateram fundo e imediatamente me transportaram nas memórias…

É que eu acabei de chegar de uma bela viagem ao Rio de Janeiro, cidade que me acolheu dos cinco aos quarenta e sete anos de idade. Ao rever os lugares por onde andei e por onde vivi experiências marcantes, guardei a impressão de que muitas coisas ficaram perdidas no tempo, em compasso de espera por algo que nem sei dizer. Ficaram ao meu redor, resíduos de lembranças, de sonhos e imaginações. Como se muitas situações estivessem aguardando o meu “toque” para terem, enfim, o destino que lhes cabem.

“Você sempre me disse que as coisas mais importantes do mundo são os olhos e os pés. Os olhos para ver o mundo e os pés para ir ao encontro do mundo!”, reafirmou o personagem, em meio ao turbilhão de dúvidas e esperanças que vivia.

“E é isso que farei, meu pai. É hora de encontrar o mundo!”, reconheceu o personagem, sentindo-se vitoriosamente desimpedido.

O que sei dizer é que terminado o filme, minha gente, eu chorei bastante. Primeiro pela belíssima história, contada com profunda sensibilidade. Depois, porque me dei conta de que essa história, de algum modo, também me pertencia. A única diferença, talvez, é que eu não disse tudo isso ao meu pai.

Portanto, faço agora, após ter completado os meus 67 anos: “Pai, saiba que eu ainda estou pelejando… Com sorte, quem sabe, eu possa ainda lhe dizer um dia: finalmente, eu encontrei os meus caminhos. Obrigado por tudo!”

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Disco: CD “Swing  brasileiro”, com Jorginho do Trompete.

Eu mal acabara de estacionar o carro e ainda estava na entrada do bar. Foi quando o amigo Cássio Moura, guitarrista de primeira grandeza, sem perder tempo, foi logo me avisando: “Carlos, preste toda a atenção no “pretinho” do trompete. Amanhã, lá no shopping, você me dirá o que achou. Certo?!” Eu respondi sim, enquanto procurava um bom lugar para me sentar e apreciar mais uma “jam session” do Quarteto. Ao microfone, Cássio anunciava o convidado especial daquela noite: Jorginho do Trompete!

No entanto, no que me diz respeito, o anúncio fora equivocado, uma vez que pelo corpo abastado do trompetista, ele estava mais para “Jorjão” ou coisa assim. Quanto ao sorriso largo, céus!, eu até pensei que era filho de Louis Armstrong ou ele “reencarnado”! Na dúvida, convenhamos, o melhor a fazer era pedir ao garçom para trazer o balde com cervejas. Muitas. E o mais rápido possível, já que a noite prometia!

Então, o tal do Jorginho, que eu desconfio que é filho do Louis Armstrong, começou a soltar o verbo. Ou melhor: soltar o som! Sempre sonoro, melodioso. Até que chegou a vez de “Conceição da Barra”. Meu Deus, que belíssima composição. Puro lirismo, isso sim, arremessado do trompete daquele “pretinho”. E ele, virtuoso e compenetrado, passeava pelo salão do bar cumprimentando cada espectador com um par de olhos arregalados. Aí, sem nenhuma cerimônia, eu acabei abraçando o músico e beijando sua enorme bochecha. Afinal de contas, as cervejas já circulavam na corrente das emoções…

Do outro lado do bar, Cássio me observava e, também com o olhar exultante, confirmava a sua sentença: “eu não disse que o “pretinho” era danado de bom?!”

https://www.youtube.com/watch?v=Hp5K6-bnoyc

Jorginho do Trompete

Disco: CD – “Friends for Schuur”, com Diane Shuur.

Tudo bem. É provável que eu vá cometer mais uma “sandice”. Mas, deixe-me explicar, antes que algum “fiscal” de plantão decrete a minha penitência. A verdade é que não gosto do estilo da “Diane Shuur”. Sinceramente, acho que ela “grita” demais. E anotem aí: eu disse que não gosto do estilo dela e não da voz, que possui muitos recursos. Então, para preservar a minha integridade física (a gente nunca sabe do que é capaz um fã ardoroso!), eu também declaro que considero “razoável” a escolha do repertório. De fato, o que se percebe é que são raras as canções bem interpretadas, isso sim. E eu já procurei um bocado, minha gente!

“Ô, Carlos, então, por que escolheu esse disco?!”, perguntarão os leitores. Céus! Queiram me desculpar, mas é que esse é o “meu ofício” aqui neste “espaço”, certo? Se quiserem posso justificar de outro modo mais contundente: paguei mais de quarenta reais por esse CD – “Friends for Schuur” – na esperança de ser “surpreendido”. Tá bom assim para vocês?!

Além do mais, a turma que integrou o disco é de primeira grandeza. Afinal, temos Dave Grusin, Stan Getz, Ray Charles e Herbie Hancock, entre outros. No entanto, foi um desperdício de talentos! Apesar de todo o esforço, não conseguiram evitar o “naufrágio” do disco… um verdadeiro Titanic fonográfico!

https://www.youtube.com/watch?v=RsOybkKT61U

Diane Shuur

Jazz: o saxofone e o jazz.

É interessante perceber algumas mudanças na história do jazz. Vejam só o exemplo do saxofone. Hoje, ele talvez seja o instrumento mais representativo e mais associado ao jazz, não é verdade? Mas, curiosamente, nem sempre foi assim. Na realidade, o saxofone foi introduzido de forma muito lenta na música norte-americana. Muito embora ele exista desde a metade do século 19, até meados da década de 20 do século passado o sax era considerado um instrumento impróprio para o jazz. Para se ter uma ideia dessas dificuldades, até 1923, Coleman Hawkins era o único saxofonista-tenor que tocava jazz, ano em que gravou com Fletcher Henderson (um dos responsáveis pelo surgimento do “swing” e das primeiras bandas). Até então, o saxofone era bastante comum somente nas “charangas” (pequenos grupos ou orquestras não muito “afinadas”). Todavia, ele era malvisto pelos músicos de jazz… Com o passar do tempo, o sax “reivindicou seu espaço” e passou a ocupar um lugar de destaque. E assim, fabulosos músicos abraçaram esse instrumento e extraíram dele um som fenomenal. Ufa… sorte a nossa!

( Fotos:  John Coltrane,  Coleman Hawkins  e  Charlie Parker )

Disco: CD “Woman”, com Diana Krall, Shirley Horn, Helen Merril, Anita O’Day, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Abbey Lincoln, Carmen MacRae e muitas mais.

“Coletânea”, meus amigos, é a mais bem inventada “armadilha” da indústria fonográfica. Isto porque, via de regra, os produtores recorrem a esse expediente para surpreender os incautos, “empurrando” assim produtos de discutida qualidade. Sim! Isso parece ser a mais pura verdade. No entanto, convenhamos, vez por outra o tiro também sai pela culatra. É bem o caso deste disco, “Women”. Meu Deus do Céu, que maravilha de álbum! Por isso, então, benditas sejam as mulheres. Porquanto somente elas conseguiriam essa proeza!
O que eu sei é que para calar a boca de alguns “machistas” renitentes, vejam vocês, a produtora colocou em campo um time de primeira: Diana Krall, Shirley Horn, Helen Merril, Anita O’Day, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Abbey Lincoln, Carmen MacRae e muitas mais. Por ser um álbum duplo, o disco nos possibilita ouvir diversas vocalistas, com diferentes estilos e personalidades. O resultado foi excelente, porquanto o disco ficou harmonioso e, o que melhor, variado. Como resultado, o álbum tem “crooner” pra todo gosto, minha gente. O importante é que eu me deliciei um bocado ouvindo Abbey Lincoln interpretar a sentida canção “Brother, can you spare a dime?” Tive até vontade de levantar um empréstimo e oferecer “algum”… Sabe como é: eu sempre tive um coração mole mesmo… fazer o quê?!

https://www.youtube.com/watch?v=5xhXpiT3eys

 

Women

JAZZ:  as primeiras gravações!

As primeiras gravações de discos de jazz foram feitas em 1917. O grupo pioneiro foi a “Original Dixieland Jazz Band”, uma orquestra composta por músicos “brancos”. Ainda que fossem bons músicos, não conseguiam desenvolver o gingado e a atmosfera tão comuns nos grupos negros. Com maior poder de improvisação, os negros só iriam gravar quatro anos depois, em 1921, graças ao talento da orquestra de “Kid Ory”. No entanto, boa parte dessas gravações foi realizada com processos acústicos rudimentares, que tornavam sua reprodução bem precária. Valem muito mais como “documentos” históricos. Um legado que as gerações seguintes abraçaram sempre com o mesmo espírito inovador e criativo. Aliás, o período foi pródigo e diversos músicos se lançaram, alcançando muito sucesso, alguma fama e pouco dinheiro… Eram tempos difíceis, minha gente! Tempos em que não havia “mídia”, empresários, agendas, e os “shows” eram quase sempre gratuitos. Há quem diga que foi o grande momento do jazz. Momento de desenfreada “criação”. Pode ser. Afinal, hoje conhecemos obras-primas que foram interpretadas por King Oliver, Jelly Roll Morton, Bessie Smith e Scott Joplin, entre outros. Uma seleção de primeira!

Se a “América” estava em depressão, atolada até o gargalo nas dificuldades financeiras, os músicos sublimavam tudo e criavam o “Ragtime”. Isto porque a música, como expressão extraordinária de arte, não conhece cifrões, disputas ou autoritarismos. Pelas mãos de talentosos músicos, o jazz – sempre irreverente e audacioso – foi até capaz de “aceitar” a súbita ausência do seu grande combustível: o bom e velho “uísque”…
Mas, pelo amor de Deus, não façam isso novamente!

 

original diexeland jazz band

Disco: CD “That old feeling”, com Cleo Laine.

Ainda que eu esteja encabulado, devo confessar uma fraqueza a vocês: não posso ouvir uma mulher com voz “rouca” que as minhas pernas logo, logo amolecem. É impressionante, minha gente! E digo mais: não faz diferença se ela é mocinha ou “balzaquiana”. O importante é o tom da voz… e o jeitinho de falar. E aí? Será que eu estou ficando louco ou, por conta da idade avançada, estou me tornando um daqueles “velhos babões” que não podem ver um “rabo de saia”? Será, minha gente?!
O que sei dizer é que fico todo retorcido na poltrona quando escuto a voz de Cleo Laine. Ah, é uma delícia para os meus ouvidos sonhadores! Basta tocar a primeira faixa, que recebe o mesmo título do CD – “That old feeling” – e o mundo fica completamente azul. Coisa linda! Mas, para acabar de vez com essa minha dúvida, fiz um teste definitivo. Liguei para o meu amigo Celso Coelho, especialista em cantoras de jazz e perguntei: “ô, Celso, qual foi a primeira coisa que lhe chamou a atenção quando conheceu a sua esposa?” E ele, de bate pronto, juramentou: “amigo Carlos, sem sombra de dúvida, foi a voz da “fofinha”. Ah! Uma delícia!”
Ufa, que bom ter escutado isso. Afinal, eu já estava me considerando “tarado” ou coisa assim. Só falta agora você, amigo leitor, fazer o julgamento. Mas, por favor, primeiro ouça o disco e somente depois me escreva para dar o veredicto. Combinado?!

https://www.youtube.com/watch?v=bnM5ulD9OPs

https://www.youtube.com/watch?v=9R_ueNpnrRE

Cleo Laine

Disco:  CD  “La  mémoire  de  vent”, com Bia.

Uma coisa é verdade: o que tem de gente “destrambelhada”, perambulando por aí, não está no mapa. E como dizem que “cada louco tem sua mania”, então, eu vou contar um “causo” que me ocorreu. Foi no tempo em que frequentava o curso ginasial. Ou seja: é da época que o Mar Morto não estava nem doente ainda! Bem… melhor deixar pra lá. O fato é que eu me apaixonei, perdidamente, pela professora de francês, quando era adolescente. Coisa linda! E ela, durona, só “aceitava” conversar com os alunos se fosse em francês. Caramba, eu mal tinha saído do “cearês”! Mas é aquela história: cearense é bicho teimoso, que não larga a “rapadura”. E assim, não me dava por vencido. Estudava feito um louco, decorando até frases inteiras. Só para ter um “tête-a-tête” de dois minutos com ela. Bastava uma oportunidade e lá estava eu: “a tout à l’heure”, despedindo-me dela com tremedeira nas pernas. Céus… o que foi aquilo?! Passados tantos anos, vejam vocês, até hoje eu me lembro com carinho da professora Neide, e tenho por ela profunda gratidão.

“Ô, Carlos, você está aqui para falar sobre literatura, cinema e jazz e não de paixões juvenis”. Caramba, queiram me perdoar! Tudo bem… Já que é assim, a dica, então, é o disco dessa brasileira radicada na França: Bia. Meu Deus! Ela canta feito passarinho e tomou emprestado as canções de Chico Buarque e de Pierre Barouh. O que sei é que Bia consegue dar um toque pessoal e intimista às melodias. A interpretação de “Barbara” ficou emocionante. E a memorável canção, “Los Hermanos”, adquiriu profunda dramaticidade, com o acordeão “chorando” em solidariedade ao tema. Ficou impecável!

Enfim, para matar as saudades da querida mestra, só me resta dizer: “Elle était ma maîtresse préférée. Et à ce jour, je garde les meilleurs souvenirs de cette époque!“

https://www.youtube.com/watch?v=z_0Na_VF5Yw

Bia

Cinema:   filme  “Don  Juan  de  Marco”,  de  Francis Ford Coppola.

É interessante perceber que alguns filmes não alcançam o sucesso esperado, ainda que sejam belos e comoventes. E a gente, sem entender, fica a se perguntar porquê? Talvez seja o caso do irresistível “Don Juan DeMarco”, de Francis Ford Coppola. Lembram dele? Então, vejamos:

O divertido filme se baseia numa adaptação livre da história de Dom Juan DeMarco. Para tanto, Marlon Brando interpreta o papel de um psiquiatra de Nova York que assume o difícil caso de um paciente que afirma ser Don Juan DeMarco. A partir daí se desenrola uma deliciosa comédia romântica, com direito aos impecáveis desempenhos de Marlon Brando, Faye Dunaway e Johnny Depp.

Em alguns trechos, o filme foi capaz de nos arrebatar com o seu lirismo e a sua fantasia, mas que ainda assim… morreu na praia. Uma pena, isso sim! Porquanto a história era sedutora, o texto era comovente e a condução foi competente. Contudo, ele sofreu duras críticas e não recebeu o merecido reconhecimento…

O que sei dizer, meus amigos, é que até hoje eu guardo na memória afetiva a sequência final do filme. Na voz do “inquieto impostor”, ouvimos a comovente proclamação do paciente ao psiquiatra: “São quatro as questões de valor na vida: o que é sagrado? Do que é feito o espírito? Por que vale a pena viver? Por que vale a pena morrer? A resposta para essas questões é sempre a mesma: amor… só por amor!”

Blues: CD “Walking the Blues”, com John Lee Hooker.

Há quem assegure que uma pessoa só se torna completamente feliz quando cai na estrada e toma o rumo do coração. É… Pode ser verdade. Pelo menos, é o que dizem os velhos cantores de “blues”. E eles, minha gente, foram e ainda são os reis das estradas. Não somente da conhecida “Route 66” que corta aquele país. É que lá pelas bandas dos “states” tem estrada que não acaba mais. Quase todas bem arrumadinhas e conservadas. Quanta inveja nos dá, não é?!

No entanto, ainda que seja difícil de reconhecer, existem também “outras estradas” para serem percorridas por nós. E sem dúvida alguma, estas exigem um forte desafio a se encarar. Porquanto demandam outras incursões, outros descortinos e, quem sabe, até mesmo uma outra forma de coragem e desprendimento. O que sei dizer é precisei de sete anos para efetuar algumas importantes “descobertas”. E elas não me deram imunidades, é verdade, mas que me ajudaram a “soletrar o mundo” de forma mais serena, lá, isso foi!

Talvez, por isso, eu tenha adquirido tanta identidade com o “blues”. Eu explico. É que de um modo geral, eles foram concebidos com o intuito de “aplacar a dor” e, de quebra, oferecem uma via alternativa de comunicação emocional… Ah! Abençoados, sejam!

John Lee Hooker foi um desses craques da guitarra que perambulou por esse mundão afora. Mas, não foi qualquer um! Meu Deus, o homem cantava e tocava como se não estivesse ligando pra vida, nem aí para mundo. Parece até que ele nasceu colado à guitarra, tal a intimidade alcançada. Ora cantando com um estilo suave e displicente, ora aguerrido feito índio sobrevivente! “Walking the Blues“ é o título deste CD. A bem da verdade, vale muito mais pelas músicas, uma vez que a qualidade da gravação é sofrível. Paciência!

Ouçam “Dreaming the blues“ e, certamente, vocês se sentirão no velho Mississipi. Com direito até a uma dose do velho e bom “Jack Daniels”… Saúde, minha gente!

https://www.youtube.com/watch?v=W8dO9jXH6tE

John Lee Hooker