“DÉJÀ-VU”

Segundo o dicionário Houaiss, “déjà-vu” é “uma forma de ilusão da memória que leva o indivíduo a crer já ter visto (e, por extensão, já ter vivido) alguma coisa ou situação de fato desconhecida ou nova para si”. Pois, então… Isso é algo tão comum, tão corriqueiro que parece que cada um de nós já se deparou com tais sensações algumas vezes, não é verdade?

Para a Wikipédia, “déjà-vu” é “um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas ou até mesmo outro elemento externo. E o termo, é bom que se diga, é uma expressão da língua francesa que significa: eu já vi”.

Desse modo, clareados os aspectos e conceitos envolvidos, vamos ao que interessa. De fato, assim como tantas outras criaturas, eu também já atravessei esse rio de sensações e percepções recorrentes. E digo mais: por ter vivido algumas paixões ao longo da vida, a gente acaba desenvolvendo uma estranha tendência de achar que já viu isso acontecer em outras relações. Pior ainda é quando a gente se ‘convence’ dessa suposta verdade e acaba criando teses e mais teses sobre as questões ao redor. Céus… Aí, o bicho pega, meus amigos!

Ao que parece, cada relação afetiva é individual e própria, não comportando ‘regras ou tutoriais’ sobre as experiências já vividas. Simplesmente, cada uma é uma. Ou foi… como queiram! E sendo únicas, por conseguinte, não se repetem. Quando muito, apresentam algumas semelhanças. Isto porque, é sabido que a raça humana apresenta inúmeros comportamentos e infindáveis variações. Aliás, é melhor que seja assim, uma vez que isso nos permite experimentar ‘surpresas’ e ‘encantamentos’. Porquanto, no mínimo, isso nos torna mais interessantes, não acham?!

Contudo, também é verdade que temos o forte hábito de ver a história da humanidade narrada sob forma de ciclos. Como se não houvesse visão de mundo capaz de observar outros ângulos. É um tal de ‘ciclo de pensamentos’, ‘ciclo de modas’, ‘ciclo de poder’ e por aí afora. Tudo bem, eu acredito que isso ocorra por conta da nossa forte tendência de sistematizar tudo que há no mundo. Muitas vezes, vá lá, isso dá certo. Porém, em outras situações não cabe ou, pelo menos, cabe apenas de modo parcial. E agora, José?!

O diabo é quando o objeto da ‘observação crítica’ é algo dotado de sentimentos ou emoções. Putz! Aí a coisa se complica… Sim, minha gente, à medida que somos portadores de fortes contradições (e teimosias!). E ao generalizarmos comportamentos, nós corremos o risco de nos tornarmos imprecisos, superficiais e, até mesmo, precipitados. Pois é. Complicado, não?! Até porque, convenhamos, o repertório de peculiaridades presentes na raça humana parece não ter fim. Em nome delas, nós temos o hábito de varrer o ‘lixo’ para debaixo do tapete. E agora, como ficamos?

Bem… De um jeito ou de outro, talvez, o melhor a fazer é tratar essas questões com respeito, acuidade e atenção. Sim! E se possível, evitando incorrer nos modelos e estereótipos já consagrados nos ‘divãs’ de terapias. Afinal, sabemos que eles estão por aí, ávidos por histórias truncadas. Esparramados nos quatro cantos do planeta, apenas aguardando os ‘incautos’ espíritos desarrumados.

Meus Deus do Céu… eu juro a vocês que “eu já vi”!

Publicado por

Carlos Holbein

Professor de química por formação ou "sina" e escritor por "vocação" ou insistência...