O CAVALEIRO E A ESPADA

Ah, meus amigos, já faz um bom tempo que não assisto a um belo filme de cavaleiros e espadas. Sim! Desses que são capazes de nos raptar por inteiro em uma história envolvente e cheia de fantasias.

Se não estou enganado, eu acredito que o último filme do gênero que assisti foi um desenho animado da Disney, numa tarde chuvosa, aninhado no sofá da sala com o meu neto, João Pedro. É bem verdade que ele ainda tinha quatro anos de idade. Céus! Lembro até que a avó dele fez ‘bolinho de chuva’ para todos nós, pois eu havia alugado o DVD “Os três Mosqueteiros”. Só que no nosso caso, o “João Bafo de Onça” era o protagonista dono das piores maldades, além de perseguir o pobre coitado do Mickey.

E como João Pedro era muito esperto, logo, logo percebeu que a Princesa Minie teria muitas dificuldades com o perverso João Bafo de Onça. É que a força do mal muitas vezes é superior às forças do bem. Paciência!

O tempo, então, caminhou mais um pouquinho. João Pedro cresceu e começou a ‘soletrar o mundo’ do seu jeitinho. Hoje, no auge dos seus quase nove anos, João só pensa em Minecraft, no tio parceiro e nos mergulhos na praia dos seus sonhos: Campeche.

A verdade é que o tempo passou, também, para nós todos aqui de casa. Gabriel, nosso filho, começou a trabalhar e faz planos promissores para o seu futuro. Ontem mesmo, nós estávamos conversando na cozinha, saboreando o café da noite. Então, eu o provoquei perguntando se não tinha vontade de se especializar em multimídia, áudio e vídeo, fora do país. Como ele fala impecavelmente a língua inglesa, sugeri que fosse para Los Angeles, o maior centro tecnológico de áudio e vídeo.

Ainda que isso já tivesse passado pela cabeça dele, o certo é que vindo do pai e da mãe, a ideia adquire contornos diferentes. Quem sabe, suas emoções se sintam ‘arranhadas’ pela nossa ideia?! É que os jovens, de certo modo, sempre preferem ser os autores das ideias. Pior ainda: vai que ele se sinta ‘empurrado’ para fora da casa pelos próprios pais…

Por isso, nós tivemos o cuidado de oferecer a ele a possibilidade de o acompanharmos nos dois primeiros meses da viagem, já que para nós isso seria prazeroso, com o sentimento de férias.

O que sei dizer é que a conversa de ontem poderá, de fato, ‘movimentar’ sentimentos e planos para a vida adulta do Gabriel. Acho até que ele ‘gostou’ da ideia e, no final da noite, sentou-se para elencar algumas etapas.

Hoje, meus amigos, ao acordar e partir para a minha caminhada matinal, eu me dei conta de que o papel dos pais, no fundo, é tão-somente ‘suscitar’ movimentos internos nos seus filhos. O resto, bem, o resto é com eles, não acham?! A gente procura ficar ao lado, na torcida para que tudo transcorra da melhor forma. Frio na barriga? Sim! Todos nós temos. Mas é preciso confiar nas forças naturais que estão dentro de cada um de nós. E acreditar que os espíritos celestiais estarão à postos, prontos para qualquer socorro na empreitada…

Lembro até que Gabriel, quando tinha a idade do seu sobrinho, João Pedro, tinha sempre guardado na manga a frase do seu herói, Buzz Lightyear: “Ao infinito e além!”