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Eu sempre fui fã de biografias e de entrevistas. Talvez, porque ao ler ou escutar algo interessante, vindo de outra pessoa, a gente acaba repercutindo os argumentos para posterior reflexão. Ou então, quem sabe, os nossos ‘filtros’ emocionais estejam mais relaxados e, assim, nos permitem vibrar em outras frequências?! E aí, como saber?

O que vale é que certa vez ao assistir ao programa de entrevistas numa emissora de TV, eu percebi que o sentido da vida (da minha!) fora ali revelado. Então, deixem-me explicar.

A entrevista transcorria em um consagrado programa de televisão e o convidado especial daquela noite era o ator Juca de Oliveira. Pois muito bem. Tudo transcorria de maneira bastante serena e, algumas vezes, até monótona. Porém, em dado momento, Juca foi indagado sobre a ‘técnica’ que utiliza nos palcos para ‘driblar’ as dificuldades cotidianas em favor da personagem. Então, com muita experiência, Juca declarou: “realmente, nós fazemos uso de certos truques quando percebemos que não ‘vestimos’ a personagem por inteiro. Eu, por exemplo, quando me flagro nessa situação, como ato contínuo, sou tomado por um forte desassossego. E por conta disso, eu busco na plateia, desesperadamente, um rosto que me seja profundamente ‘terno e familiar’. Geralmente, eu acabo encontrando este rosto numa ‘velhinha de cabelos brancos’, sentada logo nas primeiras filas. Por conseguinte, eu começo a desempenhar os primeiros dez ou quinze minutos da peça com o olhar voltado apenas para ‘ela’…

Invariavelmente, o que tem ocorrido é que ‘elas’ percebem e, desse modo, acabam me devolvendo sob a forma de um intenso brilho nos olhos ou um doce sorriso estampado no rosto toda a emoção vivida. Coisa linda! Como consequência, eu fico tão comovido com a reação delas que, quando me dou conta, já incorporei ‘a personagem’. E o restante da peça é, enfim, ofertado a todos”.

Moral da história: de alguma maneira, nós precisamos encontrar em tudo o que fazemos ‘aquela’ velhinha de cabelos brancos. Quem sabe, assim, ao recebermos o brilho intenso, nós também possamos dar mais sentido à vida?! Se possível, de modo irrefreável…

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