Quando a gente olha para trás, tentando resgatar alguma lembrança especial, é possível que vislumbremos alguns percursos realizados. Nesse momento, se estivermos atentos, poderemos perceber os erros e acertos cometidos durante a trajetória. Isso é algo interessante à medida que temos a oportunidade de corrigir algumas rotas ou comportamentos.
Eu não sei dizer quanto a vocês, amigos leitores, mas de vez em quando eu penso nisso. Certamente, não de modo obcecado. No entanto, eu procuro conservar o propósito de melhorar posturas e, com isso, poder oferecer aos outros algo mais valioso nas relações que estabelecemos.
Também é verdade que somos criaturas portadoras de muitas ‘heranças’. Algumas delas, é verdade, sequer tomamos consciência da invisível transferência ocorrida ao longo da vida. Pois é. Ao que tudo indica, o acervo emocional e intelectual da gente é bem variado!
Eu digo isso porque percebo que carreguei durante o caminho um sem-número de valores que eu não sei se eram meus. Pior ainda: eu repeti ações e comportamentos que, no fundo, não emanavam do meu ‘baú afetivo’, pois foram construídos em cima de modelos alheios. Inadvertidamente, reconheço. Até porque, o preço da ignorância ou da imaturidade emocional é, por vezes, demasiado alto e não damos conta dele. Tudo isso é uma grande lástima, convenhamos, pois permitimos que nos coloquem aquelas ‘bolas de prisioneiro’ atadas às nossas desavisadas pernas… Vai entender!?
De um jeito ou de outro, nós temos que reconhecer que há muitas heranças que deveríamos negar provimento. Em muitos casos, sem dúvida, elas só ocorreram porque não tivemos a necessária acuidade ou percepção. Como consequência, entramos no ‘vermelho’ e pagamos um alto preço por nossa distração. Bom seria se pudéssemos efetuar a contabilidade em tempo real, não acham? Com isso, desenvolveríamos o correto o ‘inventário’. Para que não se acumulassem indevidas entradas nessa preciosa conta corrente.
Desse modo, quem sabe, talvez conseguíssemos devolver aos ‘credores’ das nossas manifestações o quinhão que cabe a cada um deles? E, com sorte, ao aprender o ‘oficio da vida’, nós teríamos chances maiores?! Ah, eu acredito que somente assim nós devolveríamos aos ‘credores duvidosos’ o estorno das malfadadas transferências…

(Praia do Porto das Dunas, município de Aquiraz, no meu velho Ceará)