SUA BÊNÇÃO, MEU PADIM PADI ‘CIÇO’…

Foi Nonato Luiz, exímio violonista, que me assegurou a regra. Segundo ele, para se conhecer um cearense de verdade bastam apenas duas perguntas. A primeira é: “você gosta de mulher?” Se o cabra responder que sim, então, você volta à carga e arremata a segunda: “e de farinha?”, Daí, se ele soltar um retumbante “vixe!’, pronto: é sinal que você estará em frente a um legítimo pau-de-arara! Pois é. O que eu sei dizer é que tenho muito orgulho das minhas raízes cearenses, isso sim. E já encontrei ‘pau-de-arara’ em todo canto desse mundão de Deus. Só vendo como cearense é bicho nômade. Aparece em tudo que é lugar e em todas as atividades humanas…

Certa vez eu estava na fila dos correios na Basiléia, Suíça, em 1976, quando alguém começou a ‘mangar’ (no dicionário cearês é o mesmo que zombar!) da atendente que parecia mal-humorada pra ‘dedéu’.

– Olha só a cara dessa bichinha. Parece ‘abestada’!

Eu nem precisei falar nada. Dei apenas uma discreta risada e demonstrei a minha cumplicidade ao conterrâneo…

O fato é que tudo isso me lembrou o amigo Nonato Luiz, que há tempos não aparece por essas bandas. Para minha sorte, eu tenho aqui em casa uma bela coleção de CDs do Nonato, alguns deles enviados pelo meu primo Henilton, como esse maravilhoso “Baião Erudito”. Meu Deus do Céu, coisa linda!

O disco é em homenagem a Humberto Teixeira e Luís Gonzaga, que produziram uma obra extraordinária. E perene! Afinal, quem consegue ouvir o ‘pot-pourri’ de “Juazeiro – Assum Preto – Algodão” e não se emocionar com as ricas melodias? Isso sem falar de “Légua tirana”, que na interpretação de Nonato adquire profunda dramaticidade. Algo incrível, meus amigos!

No entanto, a música que mais me comoveu foi a faixa “Vida de viajante”. Sim! Além da beleza da melodia, a verdade é que ela também me remete ao apurado gosto que o cearense tem para viajar, viajar e viajar. O resultado não poderia ser outro: chorei um bocado com saudades do meu Ceará!!