Há quem acredite na sorte e no azar. Há quem aposte nas chances de cada lado dessa moeda do destino. Aliás, se pensarmos bem, nós aceitaremos que a vida é assim mesmo: dúbia e cheia de idas e vindas. Repleta de certezas e incertezas. De alegrias e tristezas. Porquanto tudo isso faz parte dessa surpreendente estrada, não acham? Por isso mesmo, ela seja o nosso maior desafio e o mais importante ‘objeto do desejo’.
Os poetas, criaturas cuja visão de mundo ultrapassa os limites do nosso entendimento, costumam dizer que o melhor da vida é viver. Sim! Eles têm razão, creio. Afinal, sem o medo de errar aqui e acertar acolá, no fundo, eles desafiam a própria sensibilidade.
Porém, eu não sou poeta e nem pretendo arriscar banalmente a minha cota de sorte. Vai que ela não me dê uma segunda oportunidade, como eu fico?! Então, prefiro conduzir a vida de modo mais sereno. Até porque, convenhamos, eu já não tenho idade para alguns riscos…
Isso não quer dizer que a minha vida seja monótona ou sem graça. Não, muito ao contrário! Eu gosto do que faço, podem acreditar. E não tenho dúvida em declarar que aprecio intensamente o jeito que aprendi a ‘soletrar esse mundo’ ao longo do caminho.
Belchior, meu querido conterrâneo, certa vez cantou em verso e prosa: “Presentemente, eu posso me considerar um sujeito de sorte / Porque apesar de muito moço / Me sinto são, e salvo, e forte… / Tenho sangrado demais / Tenho chorado pra cachorro / Ano passado eu morri / Mas esse ano eu não morro.”
Pois é, minha gente. Recentemente, eu festejei o centenário do meu velho pai. E percebi que ele soube conquistar, com sabedoria, essa marca extraordinária. Por conta disso, se a genética for condescendente, eu também pretendo chegar lá. Para tanto, é preciso manter o foco e cuidar da saúde física, mental e espiritual. Aproveitando cada pedaço desse chão percorrido e se preparando para o que vem pela frente.
Sei bem que não é uma peleja fácil de encarar. Até porque, as ‘forças contrárias’ estarão presentes, dificultando a empreitada em cada momento do trajeto. Nas esquinas do caminho, sempre haverá um desafio. E em cada estação do ano, por certo, os ventos soprarão fortemente que é pra ver se somos capazes de resistir.
O que eu posso dizer, meus amigos, é que descobri o meu lugar nesse mundão de Deus. E assim como Belchior percebeu, eu também poderia cantar: “Não você não me impediu de ser feliz / Nunca jamais bateu a porta em meu nariz / Ninguém é gente / Nordeste é uma ficção / Nordeste nunca houve. / Não, eu não sou do lugar / Dos esquecidos / Não sou da nação / Dos condenados / Não sou do sertão / Dos ofendidos / Você sabe bem / Conheço o meu lugar!”
