A PSICANÁLISE E A REDENÇÃO DOS CONFLITOS

Há quem faça pouco caso sobre as premissas básicas da psicanálise, principalmente, no que diz respeito às repetições de modelos dos pais. Até aí, nada demais. Eu também devo ter incorrido nessa postura em algum momento da vida. Quem sabe acreditando ser exagerada a ideia de que os filhos buscam ‘repetir’ os exemplos dos pais?

Contudo, quanto mais a gente vive, mais consegue perceber o valor dessa premissa. E não estou aqui fazendo nenhuma contestação ao modelo paterno que herdei. Não! Como dizia Caetano – ‘cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Por isso mesmo, cada criatura deve dar conta do seu legado: tanto das heranças quanto das pendências inerentes. Até porque, esse legado será carregado nas costas por muito tempo, uma vez que essa estrada pode ser longa. E até traiçoeira. Afinal, durante o percurso, ela chega a ‘tramar’ contra o nosso destino. Vai entender?

O que importa, na realidade, é que não há nada de errado nesse processo. É preciso, tão somente, aprender a separar o ‘joio do trigo’. E assim, tornar o percurso mais ameno e proveitoso. Alguns poderão dizer: “aí é que mora o problema, Carlos!” Sim, sei disso. Aliás, nesse quesito, quando a gente não consegue mais dar conta da contabilidade emocional, o jeito, então, é apelar para ajuda externa. Ou seja, a psicanálise. Com isso, delega-se ao indefectível ‘divã’ o poder de nos conceder o salvo-conduto. Paciência, minha gente!

Também é verdade que essa escolha nos cobrará um alto preço a pagar. O diabo é que o preço cobrado não pode ser lançado em nenhuma planilha, pois a moeda contábil é outra. Céus! A partir daí, embarcado nessa nau redentora, ah, ninguém escapa ileso dos embates da terapia. Porquanto a prestação de contas se arrasta por um longo tempo. Somente depois disso é que receberemos o ‘alvará de soltura’. Ou a ‘carta de alforria’, como preferem alguns amigos do ramo.

Por fim, vejam vocês, foi assistindo ao belíssimo filme italiano, “Já era hora”, que eu pude realizar alguns aspectos concernentes ao tema. De fato, o filme é surpreendente. E nos arrebata desde o início da história. É que ao mesclar fantasia e realidade em prol de uma história diferente, o espectador é seduzido a se deixar levar pelo enredo. Sendo assim, quando menos espera, ele acaba sendo ‘raptado’. Inteiramente. Raptado pelo delírio da proposta. Raptado pelo desempenho dos atores. Até mesmo pelo final do filme que a gente até consegue prever, mas que ainda assim acolhe com todo endosso… Vida que segue!

(Ilustração da internet)