Jazz: “Black is beautiful!”

Há quem acredite que os negros são dotados de um senso rítmico especial e inato. Segundo esses, a música tem um balanço diferente em todos os lugares onde os negros são maioria. Pode bem ser verdade. Porquanto a música negra é mais cadenciada, mais corporal e, ironicamente, bem mais alegre. Irônico, porque, convenhamos: para sublimar séculos de escravidão e muitas dores, eles tiveram que “rebolar” um bocado. Literalmente! E como consequência, tornaram-se os reis do suingue, da espontaneidade e até da malícia na arte rítmica. A “grande herança” sempre foi transmitida de uma geração a outra, muitas vezes, clandestinamente. Eram tempos difíceis. Tempos em que os homens, as mulheres e as crianças usavam a música e a dança como expressão de “fala”. E o que aquelas palavras diziam, meus amigos, inexoravelmente, eram apelos por liberdade e justiça. Um clamor que o homem branco teve muita dificuldade para entender. Como castigo, viu-se obrigado a reconhecer o enorme valor da arte negra. Arte baseada no ritmo e na melodia, nas letras das canções e nas danças… enfim, arte nascida dessa maravilhosa negritude! E foi preciso muito, muito tempo para que um dia um branco dissesse: “Black is beautiful”!

Jazz

 

Disco: CD “Paraíso”, com Gerry Mulligan e Jane Duboc.

Sem nenhuma cerimônia, eu confesso: sou fã incondicional de Gerry Mulligan. Minha Nossa Senhora, como ele toca meu coração. Como me emociona. Sempre!
No entanto, vejam vocês, há quem o considere “bem comportado” demais… Talvez por que seja um “branquelo”, inda por cima com pinta de sueco! Mas, calma aí, minha gente. “Tadinho” dele. Na verdade, Gerry Mulligan é americano, e de Nova Iorque. Estudou música na Filadélfia. Trabalhou no grupo de Miles Davis. Formou um quarteto fenomenal com a parceria de Chet Baker. Ufa! Ou seja, seu pecado, se é que houve, foi não nascer crioulo!! Aliás, há uma gravação dele com o Astor Piazzolla, intitulada “Summit” (“Reunión cumbre”, em espanhol), que é uma coisa do outro mundo. Antológica. Para ficar definitivamente na história! Lembro até que uma das faixas do disco, precisamente “Years of solitude”, foi o tema-canção da extraordinária peça de teatro “O beijo da mulher aranha”, baseada no homônimo livro (e igualmente sensacional) do escritor Manuel Puig. Pois muito bem… Apaziguadas as partes, vamos ao que interessa. O disco tem o vocal da nossa maravilhosa Jane Duboc e se intitula “Paraíso”. Céus! Nunca um nome foi tão feliz quanto esse. Pois quando ouço a Jane cantar “Bordado” é exatamente lá que me sinto! Nos braços dos arcanjos, que podem tocar cítaras ou saxofones, não importa. Basta que embalem meu sono e me façam crer que a “derradeira” viagem não será tão ruim assim… Com sorte, talvez eu venha a ser tão acalentado como em “Tarde em Itapoan”… Licença, meu Senhor?

PS.  Este texto é dedicado ao extraordinário músico, Fidel Piñero, que toca um baita trompete. Saravá, irmão!

https://www.youtube.com/watch?v=KRqUczwsmy4

 

Gerry Mulligan

Cinema: filme “Amores brutos”, de Alejandro Gonzalez Iñarritu.

APENAS  UMA  HISTÓRIA…   –  Parte 1 / 2

Uma coisa eu asseguro a vocês: os filhos não saem iguais, por maior que seja o esforço dos pais em dar tratamento semelhante!

Daquela numerosa família, o que mais me chamou a atenção foi “Canelau”. Eta, moleque diferente! É bem verdade que ao conhecer a história dele passei a ter dúvidas sobre o conceito de força ou fraqueza. Hoje eu acredito, minha gente, que isso é algo muito sutil. Algo que os pais não costumam transmitir e tampouco se aprende nas escolas. No fundo, é bem possível, somente a vida consegue ensinar!

O que posso afirmar, sem medo, é que aquele garoto franzino me botou numa “sinuca de bico”, pois me vi, pela primeira vez na vida, tentado a acreditar em “espíritos e entidades”. Eu explico, meus amigos.

É que Canelau vivia me falando das “conversas” que tinha com o falecido irmão, Luciano. No início, confesso: não dei muita bola para essa história. Achava que era apenas mais uma fantasia de criança, essa coisa de brincar com “amiguinhos fictícios”. Mas, de alguma maneira, eu sentia que aquilo mexia comigo. E não sabia nem como nem por quê!

O tempo foi passando e ele, Canelau, ficava cada dia mais esperto, extrovertido. Estampava uma alegria que, muitas vezes, eu desejava saber o motivo, uma vez que a vida não era nada generosa com ele e os seus. O fato é que ele aprendia muito rápido as “malandragens” dos jogos, das tarefas da escola e dos relacionamentos com os amigos. Na hora do aperto, aquele menino conseguia manter a calma e descolava a necessária resposta. Sempre. Só vendo!

Até que um dia, inesperadamente, Canelau saiu de casa. Muitos anos se passaram até que eu o reencontrasse, já com quarenta anos de idade. Acompanhado por um belo cachorro, contou-me que havia se engajado em diversos “movimentos” e que viajara bastante, fazendo alguns “cursos”. Quais? – eu perguntei. Ele, porém, não respondeu. Creio que nem era preciso.

Saímos daquela praça e caminhamos um bocado. Conversamos longamente sobre muitos assuntos. E eu pude perceber que a expressão dele era bem diferente daquele menino franzino que conheci e, quem sabe, estivesse sepultado para sempre…

Somente ali, meus amigos, eu me dei conta de que tinha ao lado um “livre pensador”. Sim! Percebi, também, que as heranças de cada um nem sempre determinam o destino da pessoa. Por tudo isso, devo confessar: eu celebrei o encontro com aquele “homem”. Afinal, na minha frente havia mais uma criatura que se “libertara”. Um indivíduo especial, sem dúvida, e que possuía um olhar voltado para além dos triviais assuntos ou motivos.

(continua)

perros

Cinema: filme “Amores brutos”, de Alejandro Gonzalez Iñarritu.

APENAS  UMA  HISTÓRIA…   –  Parte  2 / 2.

Canelau me disse que estava ali para visitar a família e “quitar” antigas pendências. Com sorte, quem sabe, conseguiria ele se desatrelar de antigas “bolas de prisioneiro” que arrastara por muito tempo, sem culpas, mágoas ou remorsos?

Tempos depois, vejam vocês, não é que eu descubro que ele virara um cineasta consagrado e que os cursos que nunca quis declarar quais eram, foram todos ligados à sétima arte. Ah, só vendo a cara de espanto que fiz quando vi o seu nome no letreiro do cinema do bairro: “Amores brutos”, de Alejandro Gonzalez Inarritu, o meu querido Canelau!
A história do seu primeiro filme é “impactante”. Impiedosa, até. Visto que as linguagens cênicas, aliadas ao forte texto, são brutalmente extraídas do “submundo” do inconsciente coletivo. Ou, sabe-se lá, tenha emergido do recorrente “desconsolo” presente na memória afetiva de Canelau. Quem pode garantir?! E será que isso realmente importa?

Para Alejandro, sim! Porquanto pôde “expiar” o passado, utilizando as ferramentas acumuladas ao longo da vida. Em vista disso, ele agora não se sente mais perseguido pelos antigos fantasmas. Canelau, minha gente, adquiriu o direito de remir o “maldito estrangeiro” que carregava no peito, como bem descreveu Albert Camus. De agora em diante, Canelau é um cidadão do mundo!

Aliás, faço aqui um reparo: não foi do romance “O estrangeiro”, de Camus – que me lembrei quando assisti ao filme. Na verdade, o filme me remeteu a outro livro do escritor argelino: “A queda”. Este, sim, é o retrato mais duro do “universo do absurdo”, de Camus. Em cada cena do filme, parecia até que eu relia aquela consagrada novela: “O meu acordo com a vida era total: eu aderia ao que ela era, de alto a baixo, sem nada recusar das suas ironias, da sua grandeza, nem das suas servidões”.
Pois é… Se por um lado o filme nos deixa acuados pela forte temática, por outro, ele redime alguns “pecados íntimos”. Mas, quem há de confessar qualquer “desvio”? Quem admite destampar o porão da memória? Quem?!

Alejandro conseguiu isso à medida que trouxe de volta as “conversas” com o falecido irmão, Luciano. Acredito até que tenham sido diálogos difíceis. Mas, pelo visto, ele soube tirar proveito. A prova disso está no impecável trabalho produzido. Com talento e arte, ele soube expressar as tantas perdas ocorridas em sua vida. Tanto é verdade que ao final do filme ele dedica a história ao irmão ausente. Investido de coragem e respeito, reconhece: “A Luciano, porque também somos o que perdemos…”

Canelau       Zeo

Canelau                              e                                 Luciano

 

 

 

Disco: CD “We get request”, com Oscar Peterson.

Eu já escutara diversas vezes dos amigos que os filhos recebem de seus pais todas as atenções do mundo. Lá, isso é verdade! Para se ter uma ideia, quando soubemos que o Gabriel surgiria em nossas vidas, eu e minha esposa construímos toda sorte de planos para o “rebento”. E foi aí, nesse exato momento, que eu me dei conta de como eles “movem” nossas vidas… Logo de cara, podem acreditar, Gabriel me fez parar de fumar. Convenhamos, isso já se constituía em uma verdadeira “revolução” em minha vida, uma vez que eu já tentara mil planos que naufragaram muito ao fundo ao longo dos 30 anos de tabagismo!

Depois disso, diversas outras situações ocorreram e nem conseguiria descrever aqui. Lembro, ao menos, da mudança do sono, que até então era pesado e profundo e, após o nascimento dele, mudou completamente. Bastava um leve murmúrio do pequenino e eu já estava de prontidão ao lado do berço…  Impressionante!

O mundo, então, girou mais um bocado. Gabriel está crescendo e comemorou, em fevereiro, os seus primeiros quinze anos. O melhor de tudo é que ele nos enche de orgulho ao percebermos os traços do seu temperamento e caráter. Como “agravante”, diria o chefe de polícia, eu o “flagrei” esta semana escutando o CD “We get request”, de Oscar Peterson. Céus! Fiquei sem palavras. Atônito. Porquanto eu achava que somente o “rock pesado” fazia parte do seu cardápio.

De fato, meus amigos, o CD é maravilhoso. Peterson vem “beber” a água mais cristalina da nossa inesquecível “bossa-nova”. “Corcovado”, por exemplo, ficou deslumbrante. E ”My One And Only Love” adquiriu profunda emoção. Tocante!

Portanto, proponho hoje um grande brinde: ao meu querido filho Gabriel, pelo “despertar da força” (como diria “Obi-Wan Kenobi”, no Guerra nas Estrelas), ao maestro Tom Jobim que provou ao mundo o talento brasileiro e ao magnífico pianista Oscar Peterson, que referendou o talento…

Abençoados, sejam!

https://www.youtube.com/watch?v=QOEun-58N8o

 

OscarP

 

Cinema: filme “Chocolate”, de Lasse Hallström.

OUTROS  CAMINHOS  MAIS  DOCES!  –  Parte 1 / 2.

 

O meu querido filho Gabriel, no alto dos seus quinze anos, começa a atravessar a adolescência. E nós, adultos, sabemos que a adolescência é uma passagem de muita efervescência, muitos conflitos e, por isso mesmo, o período das grandes transformações. Tenho procurado acompanhar a trajetória dele bem de perto, mas, no fundo, o que me cabe é torcer para que faça a travessia de modo sereno e possa colher boas lições…

De fato, eu digo isso porque comigo não foi diferente. Ainda que já tenha passado muito tempo, eu também tive que desbravar os meus “caminhos” e muitas “voltas” fui obrigado a dar. Não posso garantir que eu tenha alcançado profundo êxito, mas que estou feliz, lá, isso é verdade.

Curiosamente, uma dessas “voltas” que o destino me proporcionou foi-me ofertada por uma antiga namorada, Bárbara. Sem dúvida, uma criatura especial. Permitam-me narrar certo episódio:

Eu era ainda estudante universitário e Bárbara era colega de faculdade. Não demorou muito e os nossos olhares começaram a conspirar. Aí, sabe como é? Dois “aventureiros” perambulando pelo mundo e dispostos a desvendar os “segredos” da vida… Pimba! Rapidinho e estávamos namorando. Surgindo daí uma paixão avassaladora. Coisa linda!
O tempo ia passando, a paixão sempre presente e, assim, os sonhos eram renovados. Até que veio a formatura. Patrocinada pela mãe, Bárbara recebeu uma irrecusável oferta de estágio na Basileia, Suíça. Céus, a euforia do convite logo deu lugar ao “frio” na barriga. É que sabíamos o que representava um ano de separação… Timidamente, apoiei o projeto, mesmo intuindo os riscos.

O coração de Bárbara, tanto quanto o meu, estava superdividido no dia da partida. No entanto, não se pode abrir mão dos “sonhos” e nós sabíamos disso. No caminho até o aeroporto, uma melodia “martelou” a minha cabeça, impiedosamente: “Ne me quitte pas”. Talvez eu devesse cantar… Mas, apenas um longo abraço, envolto em silêncio, selou aquele momento de despedida.

Após seis meses, veio a trágica notícia: o estágio seria prorrogado por mais um ano. Imediatamente, entramos em pânico. “Por que você não vem para cá?” – Bárbara indagou-me com sofreguidão. “Como, se eu já estou dando um monte de aulas no cursinho?” – respondi, atônito e indignado.

Dizem por aí que o “diabo” é mais ligeiro que os “anjos”, porquanto é determinado. Olha, pode bem ser verdade. O certo é que em menos de um mês eu vendi o carro, a linha telefônica e raspei a poupança que possuía. Com a passagem na mão, embarquei para a Suíça. Extasiado!

 (continua)

Chocolate

Cinema: filme “Chocolate”, de Lasse Hallström.

OUTROS  CAMINHOS  MAIS  DOCES!  –  Parte 2 / 2.

 

A chegada ao aeroporto foi um verdadeiro sufoco, uma vez que tudo me passava pela cabeça. E se ela não estivesse lá?! Sem saber falar uma só palavra em alemão, como eu me safaria?

Contudo, lá estava Bárbara: linda e sorridente! Tão ou mais nervosa do que eu, cujo coração mal cabia no peito. Verdade é que o ardente beijo no saguão do aeroporto constrangeu algumas pessoas, mas nunca fora tão sentido e desejado quanto aquele.
Para custear a minha estada, trabalhei como garçom, tomei conta de crianças e até uva eu colhi nos campos da França. Ah, foram ricas e preciosas experiências, isso sim. E até hoje, decorridos quarenta anos, até hoje, eu tiro proveito daquela incrível viagem.
Quando voltamos ao Brasil, nós fomos morar juntos e somente aí é que eu comecei a conhecer a personalidade de Bárbara. Muito embora ela não se queixasse de nada e demonstrasse estar feliz, no fundo, eu percebia que a sua “natureza” estava sendo violentada. É que Bárbara possuía uma dessas almas irremediavelmente cigana. Sendo assim, eu não achava justo sufocá-la com um bem-comportado casamento, por maior que fosse o nosso amor.

Conversávamos bastante sobre esse tema, mas sempre acabávamos postergando a decisão. Até que um dia, sem que fosse preciso dizer uma só palavra, pressentimos o fim. E como toda e qualquer separação, a nossa foi doída, triste e inconformada…
Passados tantos anos, minha gente, o mais surpreendente é que se eu perguntar aos amigos comuns sobre o paradeiro de Bárbara, as informações serão contraditórias. Seguramente. Uns afirmarão que ela confecciona “batik” em Jacarta, na Indonésia. Outros, dirão que ela mora na cidade do México, tem dois filhos e trabalha numa multinacional farmacêutica. Mas há quem garanta que ela, voluntariamente, cuida das tartarugas-gigantes em Abrolhos. E aí? Quem sabe onde está a verdade? E será que isso realmente importa? Bem… seja qual for o destino que Bárbara tenha escolhido, torço apenas para que esteja feliz. Com sorte, terá mantido aquele maravilhoso sorriso que tanto me cativou. Ah, tomara!

Por fim, o que mais posso dizer sobre essa rica experiência? Ah, quem sabe o meu querido filho Gabriel também consiga viver dias de intensa emoção, buscas e realizações?! No fundo, torço bastante para isso. Afinal, é só o que me cabe!

 

PS.  Apesar de tudo, meus amigos, com o tempo Gabriel perdeu alguns superpoderes. Paciência…  fazer o quê?  É da vida!

 

 

Jazz: a origem dos “blues”…

Pode-se dizer que os cantores de “blues” foram exaustivamente gravados, já a partir de 1920. E até onde se sabe, a primeira artista a figurar nos “race catalogs” foi “Mama Smith”, acompanhada pelos seus endiabrados “Jazz Hounds” (Johnny Dunn, no trumpete, Coleman Hawkins, no sax-tenor e Perry Bradford, na bateria). Além de Bessie Smith, é verdade, outras grandes cantoras despontavam no cenário musical, tais como: Ida Cox, Clara Smith, Stella Yancey e Bessie Tucker, entre as mulheres. E Muddy Walters, John Lee Hooker, Huddie Leadbetter e “Blind” Lemon Jefferson, entre os homens. No entanto, o mais interessante desse período é perceber que as letras das canções possuíam, quase sempre, uma estrutura característica. Ou seja: no início, há uma afirmação contundente, emblemática. E logo a seguir, ela é reiterada na segunda frase para, finalmente, exprimir um desejo ou lamento na conclusão da última estrofe. Sem dúvida alguma, minha gente, esta foi a mais bela “herança” deixada pelas “work songs” e pelos memoráveis “spirituals”. Portanto, sorte a nossa!

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Disco: CD “Alone”, de Bill Evans.

Há quem afirme que a “inspiração” de um escritor é proveniente, quase sempre, da solidão que se abate nele durante o processo. Segundo esses, somente quando os escritores estão sob o domínio da solidão é que conseguem produzir ativamente. Sei não. Pode até ser verdade para muitos deles. Lembro, ao menos, que para o meu tio Holdemar Menezes, extraordinário contista, ganhador do Prêmio Jabuti, a coisa funcionava mais ou menos assim: quando se dispunha a escrever, após maturar em pensamentos os caminhos que o conto percorreria, Holdemar silenciava por completo e a sua comunicação externa adquiria aspectos monossilábicos. Até mesmo comigo, com quem tinha fluência e intimidade, não dava muita bola…  Preferia se trancar no escritório da bela casa, no primeiro andar, e ali ficar enclausurado durante horas, ouvindo jazz ou música renascentista. A única companhia permitida era a velha máquina de escrever e o pincel corretor de textos (sim!, minha gente: havia vida antes do computador!).
Há diversos relatos envolvendo o processo de “criação” de outros célebres escritores. Uns apontam para o “confinamento” e outros nem tanto… O que sei dizer é para mim, desde que era adolescente e escrevia redações para a escola, eu também só conseguia desenvolver minhas ideias no silêncio e reclusão. Por isso, eu apelava para companhia de alguns bons discos. É bem o caso do CD solo de Bill Evans, “Alone”. Eu o adquiri no início dos anos 70 e tem me servido inúmeras vezes de “fonte de inspiração”. Basta ouvir “A time for love” e entrar no clima “noir” criado pela melodia. Assim, eu descubro que o “meu caminho” está bem ao lado…  Portanto, benditas sejam as melodias esparramadas pelos quatro cantos do mundo!

https://www.youtube.com/watch?v=VkpXzZYPhqo

 

Bill Evans